11 OS QHIPHOTH OU KLIPHOS


1.1    Disposições gerais

Abaixo de Malkuth, o mundo físico estão os Kliphos, também chamado de mundos infernais. Inferno vem do latim “Infernus” e significa, região inferior. Os Kliphos são os Sephiroth no sentido inverso, no seu aspecto negativo, as virtudes no seu inverso, assim, as qualidades de Geburah que são, o Rigor a Lei, no seu inverso apresenta-se como tirania, ditadura, a caridade de Hesed pode apresentar-se como complacência com o delito.

No Reino Mineral Submerso de qualquer planeta existe os seus próprios Infernos Atómicos. O Abismo é o Avitchi dos Indostães, o inferno de gelo dos nórdicos, o inferno chinês com todos os seus suplícios amarelos, o inferno budista, o inferno maometano, o Amenti egípcio, o tenebroso Tártarus, o Averno, etc.

Quando atuamos pela Magia no Triângulo Mágico ou terceiro triângulo, no astral inferior embarcamos nos Kliphos e, aí, contatamos as entidades de baixo. Contudo, em nosso treinamento psicológico há de se saber extrair o bom do mal e o mal do bom para que não se cause qualquer dano. Então este terceiro triângulo é o da Magia Prática e este é um trabalho que temos de deixar para trás os preconceitos para se poder trabalhar no Mundo dos Kliphos onde estão os demónios, as almas em pena, os que sofrem, aqueles que já esgotaram o seu ciclo de 108 existências (veja o arcano 10 nesta obra) e que involuem no tempo, os anjos caídos, os tenebrosos da senda lunar, os adeptos da mão esquerda, os tântricos negros, etc.

1.2    Introdução Sephiróthica

As esferas qlifóticas correspondem ao lado negativo da Árvore, quando esta é apresentada invertida, e também é chamada como a Árvore de morte em oposição a Árvore da Vida.

A tradição afirma que esta região é habitada por uma classe de seres nominadas como luciféricos, palavra que traduzida quer dizer fazedores de luz e cuja missão refere-se a administrar as energias desperdiçadas, que descem dos planos superiores sem ter cumprido sua missão, a Vontade do Ser Eterno, nosso Real Ser.

Como estas energias, de certo modo, perderam sua Luz, cumpre que desçam as regiões mais obscuras onde no breu total a Luz mesmo minguada possa ser vista, já que quanto maior as trevas mais fortes brilham a Luz.

Esotericamente afirma-se que Lúcifer é uma das muitas partes que compõe nossa psique e representa o nosso instinto animal de modo que adquire formas de dragões, cães, cobras, etc., sempre relatados nas mais diversas obras mitológicas.

A tradição afirma ainda que pertenciam a uma classe de anjos que se desconectaram de sua onda de vida e por fim se degradaram. Isto indica que nossa natureza essencial é divina, mas que em algum momento nos desconectamos de nossas partes superiores e nos afundamos em nossos abismos psicológicos, a antítese do que está acima.

Estas entidades trabalham em duas frentes: Inicialmente recolhem as energias não utilizadas e em um segundo momento tratam das realizações humanas que não respeitaram as leis cósmicas.

O objetivo é não deixar que as energias degradadas circulem livremente sob pena de causar o caos, a destruição já que tratam de aspectos negativos, degradados. Seria algo como colocar uma redoma sob uma explosão nuclear a fim de se evitar danos ao ambiente fora dela. Então estas pulsações são enviadas as infra regiões também chamadas de buraco negro, abismo, inferno, esferas qlifóticas de modo que sejam processadas, regeneradas para que posteriormente possamos utiliza-las novamente em nosso trabalho humano, algo semelhante a matéria orgânica que é enterrada e depois de algum tempo é novamente utilizada como adubo, afinal como disse Lavoisier: “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Deste modo, toda energia desperdiçada de alguma forma há de retornar ao seu proprietário e as variações destas consequências são infinitas, reflexos de nossos pensamentos, sentimento, Vontades (ou desejos em oposição a vontade), ações.

A questão é que no uso primordial (como vem de cima – por Kether) podemos dar o curso as energias, mas após isto entra em voga a Lei de Ação e Reação e já não temos mais a escolha, eis que a energia entra pelos pés – por Malkuth, no fluxo de retorno. Neste ponto a liberdade inicial se manifesta na obrigação consequente, as circunstâncias inicialmente favoráveis atuam ao revés do parâmetro original.

E como estamos tratando de Arquétipos, também sujeitos a dualidade, já que tudo que sai do Absoluto mergulha imediatamente nesta Lei, estes agentes distribuem estas energias em 72 recipientes que formam a personalidade negativa dos 72 Gênios (não confundir com as egrégoras da goétia) de cima e recebem o mesmo nome destes agentes, contudo atuam com as pulsações degradadas. E por tratar-se de programas invertidos, onde os Gênios de cima depositam Amor, os de baixo o fazem pelo ódio, do perdão vai a intolerância, da sabedoria ao erro, etc.

Cabe ainda salientar que estas degradações não podem fazer morada definitiva em nosso interior já que nossa essência vem de cima, de modo que as moradas inferiores são efêmeras e por isto instáveis e, assim, toda a descarga destes fluxos ocorrem de forma abrupta e rápida. De outro lado só podem se manter por mais tempo se existir imperioso desejo nesse sentido o que seria muito perigoso, posto que, que a degradação pode instalar-se no próprio veículo de manifestação, o corpo físico, levando-o a destruição progressivamente – como um câncer que consome o indivíduo.

Conforme avancemos em nossos estudos poderemos averiguar que o bem e o mal procede de nós mesmo. Que o mal é produto da ignorância, de nossa incapacidade em interiorizar as energias criadoras e converte-las em atos concretos positivos, conduzir sabiamente a dinâmica de nosso comportamento. Deixar as energias livres sem dar um rumo adequado é adentrar ao caos energético que manifestar-se-á em circunstancias avassaladoras em nossa vida.

A fim de anular os efeitos negativos provocados pelos gênios de baixo consiste que trabalhemos a sua contraparte positiva. A exemplo citemos o Gênio positivo VEHUIAH (1. 1->1) que trata de tudo o que se relacione ao começo do começo, primeiro passo, Vontade. Então tudo aquilo que contrarie estes pressupostos refere-se ao gênio de baixo, i.e., a cólera, a violência como resultado da inibição desta Vontade.

Um ditado afirma que “Mente parada é oficina do diabo”, ou seja, as energias não direcionadas, na ausência de uma Vontade que as conduzam, rumam ao caos. Por isto a juventude, que encontra se em fase de exteriorização energética (“Vô” – Entre o 2º e o 3º sete), necessita que uma Vontade dirija estas energias, quanto mais não se tenha dado rumo a sua existência. Assim, convém que estejam estudando, trabalhando (inclusive trabalhos voluntários), praticando esportes, etc., do contrário as forças de baixo ditarão o rumo as drogas, crimes, etc. Se a sociedade, os programas governamentais não seguirem este caminho então haverão de construir mais presídios, aumentar o efetivo das polícias e forças armadas, construir mais hospitais, veremos mais favelas, fome, doenças, corrupção para “sobre-viver”, a lei do mais forte, posta em ação – no modo selvagem, etc.

1.3    Outras informações

Retomando o conceito, as Qhiphoth (no singular, Qliphah, mulher indecente, meretriz) são as Sephiroth Malignas ou Adversas, cada uma das quais uma emanação ou uma força desequilibrada oriunda de sua correspondente Esfera da Árvore Sagrada, seria a Árvore invertida, o resultado da degradação das energias que agora precisam passar por um processo de reciclagem para seguir o seu curso, são forças tão terríveis que há perigo até mesmo em pensar nelas. Não se trata da existência de duas Árvores propriamente dita, mas do reverso de uma moeda cujo um lado é a Sephirah e o outro a Qhiphoth, embora apontem para baixo, para as dimensões inferiores. ainda assim, podemos dizer que se tratam de dois hieróglifos como que inscritos em cada lado de uma Esfera, de modo que, se um pêndulo balançasse entre Geburah a Gedulah (Marte à Júpiter), ele atingiria o lado oposto do globo e, posteriormente, mirando na direção da influência da Sephirah adversa correspondente. Se o pêndulo se afastasse demais de Geburah partiria em direção ao ódio e se ao contrario fosse além de Gedulah se tornaria algo destruidor, tirânico.

Aqui há o cabalista que faça referências ao sistema de Abramelin, O mago, que criou um sistema bastante detalhado, difícil de seguir, mas considerado eficaz para evocar tanto anjos como demônios.

Ocorre que a dualidade está presente em tudo e todo aquele que tenta manipular o aspecto positivo de uma Sephirah precisa estar preparado também para enfrentar o seu aspecto negativo a fim de que possa manter o necessário equilíbrio de forças e o aspecto negativo não venha a arruinar a operação. Há um brocardo mágico que aconselha a não evocar qualquer força a não ser que estejamos preparados para enfrentar o seu aspecto adverso. Assim, ao evocar as energias marcianas (Geburah) em nós mesmos devemos estar disciplinados e purificados a fim de impedir que estas forças cheguem a induzir a crueldade e a destrutividade. Então, antes de se invocar as forças marcianas convém invocar as forças do amor, por uma cadeia de amor[1] por exemplo. Lembremos que todos os seres humanos tem em si os defeitos de suas qualidades, portanto ao tratar com um lado da força, coloca-se em evidência o outro pois um defeito só existe em razão de seu polo oposto, a qualidade referente. Assim, aquele que utilizar a Árvore como um sistema mágico deve conhecer as Esferas das Qliphoth, porque terá que enfrentá-las.

O chamado mal positivo de Hesed ou conservadorismo está em combate constante com o mal negativo de Geburah que propõe o equilíbrio pela destruição do que está posto e já passou de sua hora, então entra o catabolismo para desagregar e posteriormente ser agregado por Hesed. Assim, uma força não é necessária mente boa ou má. Mas faz parte de um par de forças oponentes que se equilibram. Deste modo não há efetivamente um conflito entre luz a trevas, espírito a matéria, que resultará eventualmente no triunfo de Deus a na abolição e eliminação total de todas as influências opostas, pois a dualidade sempre estará presente em seu processo equilibrado e os excessos é que representam o seu desequilíbrio, e deve ser combatido. Neste sentido, a cabala ensina que não podemos lidar com o Mal cortando-o e destruindo-o, mas apenas absorvendo-o a colocando-os em harmonia com ele.

No universo afirma-se que o único período durante o qual há perfeito equilíbrio de força é durante o Pralaya, a Noite dos Deuses. Neste ponto a força em equilíbrio é estática, potencial, jamais dinâmica, porque temos aí duas forças opostas que se neutralizaram perfeitamente tornando-se inertes a inoperantes. Para que seja dada margem a mudanças, crescimento, evolução, progresso e organização é preciso que se destrua esse equilíbrio pois o estado de repouso não gera a evolução. Daí que ao final de uma noite cósmica tudo volta a movimentar-se novamente dando origem mais uma vez ao processo evolutivo. Nesta antítese de forças rege sempre a Lei do Pêndulo que está representado na Árvore pelas colunas da direita e da esquerda, dessarte, Geburah (Severidade; se opõe a Gedulah (Misericórdia) e Binah (Forma) se opõe a Hochmah (Força). Se estes sistemas sessassem, o universo entraria em colapso pois trata-se de funções necessárias a manutenção de tudo o que existe.

Segue-se a isto, na vida prática, que a solução do problema do Mal e a sua erradicação do mundo não será resolvida por meio de sua supressão, exclusão, mas por meio de sua compreensão e a sua reabsorção consequente na Esfera onde teve origem, isto é, sublimar a energia degradada e reabsorve-las dos infernos atómicos. Pelo sistema das polaridades podemos concluir que a força não equilibrada de Kether, que deu nascimento as Duas Forças Adversas, deve ser neutralizada por um acréscimo correspondente de Hochmah, a Sabedoria. Assim, Uma Força desequilibrada de Kether será resolvida em razão da sabedoria de Hochmah. A força expansiva desequilibrada de Hochmah serão sanadas pelas restrições de Binah. Um excesso da energia necessária de Marte (Geburah), a energia que destrói a inércia, deveria ocorrer durante o período que precede a emanação de Tiphereth, o Redentor, equilibrador.

1.4    Relação das 10 Qhiphoth

Reza a cabala que o fundo do abismo se compõe de 3 níveis onde trabalham os luciferianos.

No primeiro fundo estão armazenados os materiais energéticos que se encontram no estado Yod, as energias primordiais que não foram utilizadas para a criação de obras humanas. Encontram-se então em estado virgem, e são recondicionadas para serem reintroduzidas em nossos espaços humanos.

No Segundo Fundo, são armazenados os materiais energéticos em situação He e são de diversas procedências. São as energias que, tendo já sido reintroduzidas quando se situavam-se em Yod, e não deram os resultados projetados, não foram tomados pela consciência para os desígnios que foram concebidas de modo que terminaram por desordenar a existência ainda mais gerando na sociedade, reações contrárias à ordem cósmica e, então, entraram em serviço as Forças de Destruição que tiveram que ser enterradas no Fosso, no abismo para evitar a realização de seus propósitos destruidores. Assim essas energias foram depositadas no segundo fundo do Abismo, na espera de uma nova reintrodução. Igualmente, chegam a esse segundo fundo, as forças energéticas provenientes de insucesso, ou seja, as criações coletivas da Sociedade que, não estando em harmonia com as leis cósmicas entraram em colapso. As energias criadoras que tornaram possível a sua existência são, então, liberadas e devem ser eliminadas do mundo físico, pois seu poder, não dispondo de um corpo material que os aprisiona destruiria tudo em seu redor. Tendo já sido utilizado, para uma primeira criação, são colocadas em reserva, no fundo, Hé, onde se encontra este material energético que já possui memória.

No Terceiro Fundo estão armazenados os materiais energéticos que se encontra no estado , ou seja, os materiais que já foram um dia reintroduzidos ao nível Yod e que voltaram; foram reintroduzidos, novamente, a nível He, mas, igualmente, devolvidos e reintroduzidos atualmente para o terceiro e última vez. Podemos dizer que nesse fundo, encontra-se a Flor, ou o pior das escórias, o material grosseiro, os resíduos de cima, o que há de mais degradado, os Luciferianos (que tem a função de sublimar estas energias) terão as maiores dificuldades para restaurar seu nível de vida, igualar ao dos Anjos, à qual pertencem. Este material, quando reintroduzido em nossa vida, faz a sua uma aparição baixa sob a forma de impulsos tão miseráveis, tão objetos e produzindo dores e desesperos tão intensas, que não haverá dúvida de que os nossos propósitos não podem dar resultados, e isso nos obriga a uma mudança radical.

Assim como é em cima, nos planos inferiores as sombras da Árvore estão organizadas em hierarquias opostas a Luz.

1.4.1    Thaumiel (de Kether)

A primeira dessas ordens refere-se aos Falsos Deuses, que usurpam o nome de Deus para serem venerados, obterem sacrifícios, adorações e nos lembra a tentação de Cristo no deserto quando o diabo disse: Tudo isso te darei, mostrando-lhe todos os reinos do mundo[2]. E foi o príncipe deles que disse “Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo[3]“. E estas hierarquias levam o nome de Belzebu (traduzido como Senhor das moscas ou Senhor da Terra – mais aceito) e está localizado no topo de toda uma legião conhecido sob o nome de Falsos Deuses. Belzebu é o administrador das energias degradadas provenientes de Kether, do Coro dos Serafins que trabalham a seu serviço, ou seja, os Gênios que vão de 1 a 8. É por influência de Belzebu e suas legiões que os homens têm uma Vontade Perversa que os leva a cometer os piores abusos, ultrajes, e pisoteio da moral em nome de um objetivo superior. Belzebu e suas Legiões, que tornam o homem tão orgulhoso a ponto de o divinizar; ele quer ser Deus, custe o que custar. E para isso é capaz dos crimes mais odiosos, de tal modo que imponha sua vontade sem contrariedades. Belzebu tem autoridade sobre os três níveis do Abismo, Atziluth, Briah e Yetzira inferiores, por ter um Yod em cada um como ocorre com Kether e no mais onde haja um Yod na Árvore. Belzebu rege níveis do Abismo que tenham o Yod e administra as energias degradadas provenientes do Coro dos Serafins, ou seja, os Gênios que vão de 1 a 8.

Outra egrégora cabalística considera que Thaumiel é a sombra da Sephirah Kether. Enquanto Kether se preocupa com a unidade de Deus, Thaumiel representa as forças duplas em disputa, lutando, e é representado por duas cabeças gigantes com asas semelhantes a morcegos. As duas cabeças são a representação da negação da Unidade de Kether tem, portanto, o significado de duas forças contundentes. Os chefes do mal são Satã e Moloch.

1.4.2    Ghagiel (de Hochmah), os Estorvadores

A Segunda Hierarquia Infernal é conhecida sob o nome de Serpente Piton e daí vem a palavra Pitonisa. Seguem os espíritos das Mentiras de cuja espécie se manifestou um espírito mentiroso na boca dos profetas de Acabe[4] e o príncipe deles é chamado de serpente Pytho[5]. Portanto, essa espécie de demônios se une aos oráculos e ilude os homens com adivinhações e previsões, enganando-o. Essa Serpente encontra-se na cabeça de uma Legião de Entidades do inferno conhecidas sob o nome de Espíritos Mentirosos, especializados na formulação de oráculos enganadores, que anunciam um futuro falso. Python gerencia as energias degradadas provenientes de Hochmah – Urano ou seja, os Gênios que vão de 9 a 16. Hochmah é o Espírito da Verdade (de que fala Cristo) cuja virtude contrária é a mentira, com a qual os pitonistas enganam seus clientes, incentivando-os a prosseguir em seus objetivos, fazendo acreditar na esperança de um provável sucesso. E é da mesma maneira que a Verdade nos torna livres, a mentira nos torna escravos; escravos de uma situação que nós mesmos temos criado, escravos Kármicos das pessoas que pretendemos vencer, humilhar, nos vingar.

Piton com suas dicas nos levará para alguns sucessos de insight, episódicos, pelos quais, posteriormente, deve-se pagar, com os anos de submissão, fala-se até de uma vida inteira, de dependência. Python rege níveis do Abismo que tenham o He e administra as energias degradadas provenientes do Coro dos Querubins, ou seja, os Gênios que vão de 9 a 16.

Outra egrégora cabalística considera Ghagiel ou Ghogiel a antítese da Sephirah Hochmah na Árvore da Vida. Eles são descritos como demônios gigantes, negros, maus com serpentes entrelaçadas ao redor deles, e estão apegados a mentiras e aparências materiais, em oposição aos da realidade e da sabedoria. O chefe do mal é Belzebu.

1.4.3    Satariel (de Binah), os Ocultadores

A Terceira Hierarquia Infernal é conhecida sob o nome cabalístico de Belial que é interpretado como um rebelde ou desobediente, um prevaricador e apóstata. Administra os três níveis do Abismo, as energias degradadas provenientes de Binah – Saturno e do Coro dos Tronos, ou seja, os Gênios que vão de 17 a 24. Essa legião infernal é conhecida sob o nome de Taça de Iniquidade ou Vasos de Ira.

O Salmista chama de Instrumentos de Morte[6], Isaías de Instrumentos de Fúria[7], e Jeremias, Instrumentos de Ira[8], Ezequiel, Instrumentos de destruição e morte[9].

A tradição considera como os inventores de todas as artimanhas e maldades destinados a provocar danos, na realidade, não fazem mais do que oferecer-nos, o revés das leis e regras de Binah. E temos aí a maldade refinada, porque oferecem o que não se pode ter de nenhuma maneira, de modo que sempre haverá de pôr em ação um esforço constante, permanente e exaustivo. Todas as regras lógicas devem ser volteadas, invertidas, para justificar uma estrutura, que, ao final, vai cair, vai afundar, e é por esta razão que estas Entidades são chamadas também de Vasos da Morte, Vasos de Crime, corrupção e Vasos de Ira.

Belial é visto como um demônio no Novo Testamento (II Corintios 6:15), do grego beliar, que é uma corrupção do hebraico, significando ―aquilo que é inútil, que não dá frutos, e por extensão ―perversidade, um homem perverso, um destruidor. A palavra não é usada no Antigo Testamento como nome próprio. ―Filhos de Belial‖ significa filhos da maldade (Juízes 19:22). Pelo primeiro texto Belial é uma antítese de Hochmah.

Outra egregora cabalística considera que Satariel é a antítese de Binah e representa a ocultação de Deus, que esconde a face da misericórdia. A forma dos demônios ligados a esta Qliphah são de cabeças veladas negras com chifres, com olhos hediondos vistos através do véu, seguidos por centauros do mal. Chefe do mal é Lucifuge.

Pela conjuração dos sete este demônio refere-se ou tem ligação com Moloch (que exige o sacrifício de crianças) conforme se vê em parte da mesma conjuração que segue:

“Pelos santos Elohim e em nome dos gênios Cashiel, Sehaltiel, Afiel e Zarahiel, e ao mandato de Orifiel, retira-te, Moloch. Nós não te daremos nossos filhos para que os devores.”

1.4.4    Gasheklah ou Agshekeloh (de Hesed), os Fraturadores em Pedaços

A Quarta Hierarquia Infernal é conhecida sob o nome de SATAN, e administra nos três níveis as energias degradadas provenientes de Hésed – Júpiter e do Coro dos Anjos Dominações, isto é, dos Gênios do 25 ao 32. Esta legião diabólica é conhecida sob o nome de Prestidigitadores e o seu trabalho é o de estimular a vaidade, o orgulho e a ambição do cliente, dando-lhe o poder para realizar prodígios para dar prestígio à sua personalidade. No Apocalipse, diz-se que Satanás seduziu o universo com manifestações de seu poder. Este luciferiano usa a arma dos poderes para seduzir a todos os que o rechaçarem de exercê-los quando estavam no Alto. São pessoas que têm evitado as responsabilidades, que rejeitavam a “molhar-se” que não quiseram tomar posições claras contra a situações chaves, fatos cruciais. Então esse poder serve para os de Baixo, os fazem ver os milagres que podem realizar quando atuam; e eis que se transformam em Gurus, Taumaturgos, Magos e fazedores de prodígios. Mas o Satanás agindo no segundo e terceiro nível será muito menos simpático, porque aí se encontram os resíduos das energias que têm ocorrido todos esses “milagres” e o indivíduo será obrigado a tomar em sua conta as decepções, fracassos, desorientação que seus seguidores têm experimentado.

Outros Atribuem ainda este quarto lugar aos Vingadores do Mal cujo Principe é Asmodeus, ou aquele que causa o julgamento.

Pela conjuração dos sete este demônio refere-se ou tem ligação com Sanagabril conforme se vê em parte da mesma conjuração que segue:

“Por Zakariel e Sachiel-Melek, obedece ante Elvah, Sanagabril.”

Outra egrégora cabalística atribui ainda a Astaroth, Gasheklah ou Agshekeloh cujo Chefe do mal é Astaroth.

1.4.5    Golachab (de Geburah), os Queimados

A Quinta Hierarquia Infernal é conhecida sob o nome de Asmodeus (Ashm‘dai, ou Asmodai, Asmodea, Asmodeo – rei dos demônios) cujo significado é “os queimados” e administra nos três níveis do Abismo, as energias degradadas provenientes de Geburah – Marte e do Coro das Potestades, isto é, os Gênios do 33 ao 40. Asmodeus rege uma Legião de entidades conhecidas sob o nome de Vingadores de Crimes, embora vingar os crimes não seja mais que uma de suas responsabilidades. Basta dar uma simples olhada para os programas dos Gênios contrários aos 33 ao 40 (no Tomo III desta obra), para se ter uma ideia da bagunça que as tropas de Asmodeus organizam. Sabemos que Geburah é a Sephirah, mais complexa e, por conseguinte, seus diferentes impulsos, quando não assumidos, nos chegam diretamente, nos serão apresentadas novamente ao revés, e do segundo e terceiro plano, nos virá, as complicações inerentes aos impulsos do primeiro plano que não tenham impressionados a nossa consciência, nem faze-la interessar-se.

Pela conjuração dos sete este demônio refere-se ou tem ligação com Andrameleck conforme se vê em parte da mesma conjuração que segue:

“Por Samael-Sabaoth e em nome do Elohim Guibor, afasta-te, Andrameleck.”

Considera ainda, outros autores, neste ponto, a ordem dos Enganadores, que imitam milagres e servem aos conjuradores e bruxos/bruxas do mal, e seduzem as pessoas com seus milagres, assim como a serpente seduziu Eva[10], e seu príncipe é Satã (ou Satanás), do que lemos no livro do Apocalipse, ―Opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à terra, diante dos homens; seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar[11].

Outra egrégora cabalística considera Golohab Seu nome significa “os Queimados”, e a imagem dos demônios associados a ele são de enormes cabeças negras como um vulcão em erupção. Chefe do mal é Asmodeus.

1.4.6    Thagirion (de Thiphereth), os Disputadores

A Sexta hierarquia Infernal é conhecida sob o nome de Abaddon e administra os três níveis do Abismo das energias degradadas provenientes de Tiphereth–Sol e do Coro dos Anjos – Virtudes, ou seja, os Gênios que vão do 41 ao 48. As Entidades sob seu controle são conhecidas sob o nome de Fúrias. Quando a Vontade unificada do Real Ser e a personalidade, emotiva, manifestada pelo Sol, cai no Abismo retorna a nos convertida em Fúria que gera discórdias, guerras e todas as variedades de ultrajes, causados sempre por uma vontade exaltada, escravizada, sedenta de poder; coloca sempre a imagem do herói do chefe, do ditador, do tirano. Nos segundo e terceiro planos encontram-se os sedimentos, os resíduos produzidos pelo exercício arbitrário do poder e, em algum momento de nossa vida, estes depósitos voltarão à superfície e teremos que enfrentá-los.

Pela conjuração dos sete este demônio refere-se ou tem ligação com Chavajoth conforme se vê em parte da mesma conjuração que segue:

“Em nome de Michael, que Jeová te mande e te afaste daqui Chavajoth.”

Outros autores tratam ainda aqui dos Poderes do Ar que se juntam ao trovão e aos relâmpagos, corrompendo o ar, provocando pestilências e outras moléstias; a estes pertencem os quatro anjos mencionados no Apocalipse, aos quais foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar, conservando seguros os quatro ventos da Terra[12]; e seu príncipe é Meririm; ele é o demônio meridiano, um espírito fervente, um demônio que é tido como furioso no sul[13], que Paulo, em sua Epístola aos Efésios, chama de ―espírito que atuam nos filhos da desobediência[14].

Outra egrégora cabalística considera Tagiriron bem como os agentes dolorosos e os demônios chamados Zomiel ou Zourmiel, os querelantes, são atribuídos a ele, grandes gigantes negros que estão sempre trabalhando um contra o outro. O chefe do mal é Belphegor.

1.4.7    Oreb Zaraq (de Netzah), os Corvos da Morte

A Sétima Hierarquia Infernal é conhecida sob o nome de Merimim e administra os três níveis do Abismo, as energias degradadas provenientes de Netzah – Vênus e do Coro dos Principados, isto é, dos Gênios do 57 ao 64. As Entidades sob seu comando levam o nome de Poderes do Ar. Trata-Se de poderes maléficos que causam a peste, a corrupção do Ar. Há que ter em conta o fato de que Netzah é o Yod do Mundo de Formação e o seu elemento é o Ar. Os Cabalísticos afirmam que Merimin tem sob suas ordens aos quatro ventos que, no Apocalipse, recebem a permissão de prejudicar o Mar e a Terra, melhor dito incidir negativamente em nossos sentimentos e em nossas situações concretas.

Pela conjuração dos sete este demônio refere-se ou tem ligação com Lilith e Nahemah conforme se vê em parte da mesma conjuração que segue:

“Pelos nomes divinos e humanos de Shadai e pelo signo do Pentagrama que tenho em minha mão direita; em nome do Anjo Anael e pelos poderes de Adão e Eva, que são Jot-Chavah, retira-te, Lilith. Deixa-nos em paz, Nahemah.”

Lilith[15] é considerada a mãe dos abortos, homossexualismo e, em geral, de todos os crimes contra a Natureza. Nahemah é tida como a beleza maligna e fatal é a mãe da fornicação passional.

Outros autores tratam ainda aqui das Fúrias, que são poderes do mal, da discórdia, guerra e devastação, cujo príncipe no Apocalipse[16] é chamado em grego de Apollyon, em hebraico Abaddon, isto é, destruidor e devastador.

Outra egrégora cabalística considera Oreb Zaraq ou Gharab Tzerek (os Corvos da Morte) e o Chefe do mal é Bäal.

1.4.8    Samael (de Hod), o Mentiroso ou Veneno de Deus

A Oitava Hierarquia Infernal é conhecida sob o nome de Astarote[17], e administra nos três níveis do Abismo, as energias degradadas provenientes do Hod – Mercúrio e do Coro dos Arcanjos, ou seja, os Gênios do 57 ao 64. As Entidades sob suas ordens são conhecidas sob o nome de Incriminadores ou Acusadores. Seu príncipe Astarath é aquele que procura. Na língua grega ele é chamado de Diabolos[18], isto é, um acusador, ou caluniador. No Apocalipse é nominado de acusador dos irmãos, acusando-os dia e noite diante da face de nosso Deus[19].

Pela conjuração dos sete este demônio refere-se ou tem ligação com Samgabiel conforme se vê em parte da mesma conjuração que segue:

“Em nome de Rafael, desaparece ante Eliel, Samgabiel.”

Outra egrégora cabalística considera    Samael que significa (não confundir com a Potestade Samael de Geburah que tem o mesmo nome) o Mentiroso ou Veneno de Deus e o Chefe do mal é Adramelech.

1.4.9    Gamaliel (de Yesod), os Obscenos

A Nona Hierarquia Infernal é conhecida sob o nome de Mamon e administra as energias degradadas proveniente de Yesod – Lua e do Coro dos Anjos, isto é, os Gênios de 65 a 72. As Entidades sob seu controle são conhecidas sob o nome de Insidiosos ou Tentadores e até Aprisionadores.

Outros autores afirmam que há um deles presente em cada homem, que chamamos de gênio do mal, e seu príncipe Mamon é interpretado como cobiça.

Pela conjuração dos sete este demônio refere-se ou tem ligação com Bael conforme se vê em parte da mesma conjuração que segue:

“Em nome de Gabriel, que Adonai te mande e te afaste daqui, Bael.”

Outra egrégora cabalística considera Gamaliel e o Chefe do mal é Lilith.

[1] Veja a cadeia de amor nesta obra.

[2] Mateus 4:8-9

[3] Isaías 14:14

[4] Reis 22:22

[5] O termo latino pytho refere-se a espíritos familiares (doméstico) que possui o vidente e lhe permite fazer profecias de modo que o termo python passou a ser aplicado aos videntes

[6] Salmos 7:13

[7] Tem-se considerado Isaías 51:20.

[8] Parece que em verdade está em Romanos 9:22

[9] Ezequiel 9:2

[10] Gênesis 3:13

[11] Apocalipse 13:13-14

[12] Apocalipse 7:1-2

[13] Certamente se refere ao Sul de quem está no hemisfério Norte.

[14] Efésios 2:2

[15] Lilith (hebraico: לִילִית) é uma figura na mitologia judaica, desenvolvido mais cedo no Talmude Babilônico (3º para o 5º século DC). Nos textos em hebraico, o termo lilith ou lilit (traduzido como “criaturas noturnas”, “monstro noturno”, “bruxa noturna” ou “coruja-do-mato”) ocorre pela primeira vez em uma lista de animais em Isaías 34:14. Segundo a Cabala, Adão teve duas esposas, Lilith e Eva. Eva, como sabemos, foi feita a partir de uma costela de Adão, porém Lilith foi feita da mesma argila com que Deus fez Adão.

Por motivo de orgulho e luxúria, Lilith cansou-se de sempre ficar por baixo de Adão durante os atos sexuais e ela foi se queixar com Deus: “Fomos criados iguais e devemos fazê-lo em posições iguais”.

Cansada de que Deus não atendesse suas reivindicações, ela foi embora do Paraíso, aliando-se com os Inimigos do Eterno. Perdida no mundo, ela terminou se transformando num demônio perverso que assola e vampiriza a todos os seres humanos que tentam viver o Amor. Desde então Lilith foi chamada de a mãe dos demônios e de todas as perversidades sexuais, homossexualismo etc., além de ser traidora, por se aliar aos Anjos Caídos.

[16] Apocalipse 9:11.

[17] Astarote, AShThRTh. Em grego, Astarte, Astarath, uma forma da deusa babilônica Ishtar. Como é aspecto feminino de Baal (Juízes 2:13) e teria sido reproduzida com chifres por Luciano e Herodiano, acredita-se que fosse uma deusa da Lua. É chamada de deusa dos sidônios (I Reis 11:5) e era adorada por Salomão, que havia se casado com ―muitas mulheres estrangeiras‖ (I Reis 11:1), entre as quais algumas sidônias, que influenciaram suas práticas religiosas, em sua velhice. Nos grimórios medievais, Astarote é metamorfoseada em um demônio masculino: ―Ele é um Duque Forte e Poderoso e aparecia na Forma de Anjo pernicioso, montado em um Animal Infernal como um Dragão, carregando na mão direita uma Víbora‖ (Goetia [demônio número 29]. In Lemegeton, or The Lesser Key of Solomon, manuscrito 2731 do Museu Britânico). O Goetia foi transcrito desse manuscrito e publicado por MacGregor Mathers. (notas de Fil. Oculta de Agrippa)

[18] o Difamador, o Diabo.

[19] Apocalipse 12:10.

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A CABALA DE HAKASH BA HAKASH

Filosofia Metafísica Quântica Cabalística – TOMO I

ÀRVORE DA VIDA – OTZ CHIIM

ELEMENTOS, PLANETAS, SIGNO, TARO

Autor: Inácio Vacchiano