Os três véus da Existência negativa são conhecidos como o Absoluto e são eles:
- Ain (אין) Nada, ou a Ausência de Coisas;
- AIN SOPH (אין סוף) Sem Limites, Ilimitado e
- AIN SOPH AUR (אין סוף אוֹר) Luz Ilimitada.
O Primeiro é tido como o Nada, ou a Ausência de Coisas, אין [Ain], que não faz e não pode significar Existência Negativa já que aqui presume-se a existência de algo ainda que negativamente.
O segundo é sem limites, Ilimitado, AIN SOPH אין סוף i.e., espaço infinito. Esta é a dualidade primordial simbólica do Infinito, pois a dualidade funcional aparece somente depois de Kether; o infinitamente pequeno e o infinitamente grande.
Terceiro, o choque destes produz uma ideia positiva finita que passa a ser de luz, אור [Aur], AIN SOPH AUR.
É muito difícil de explicar os Véus Negativos, porque eles representam uma realidade (ou ausência dela) que é, por definição, além da compreensão humana.
A mente humana não pode definir ou compreender o Absoluto pois este é desconhecido para o estado de consciência normal dos seres humanos mas não é incognoscível, basta que se tenha um sistema ideal de progressão do conhecimento de modo que se lance um véu sobre certo ponto da manifestação até onde a mente não possa alcançar como a figura dos Véus da Existência Negativa e símbolos avançados em um estágios mais adiantados de desenvolvimento quando então a consciência se desligue da mente; então saímos da concepção de Deus como um ancião, de longa barba branca, sentado num trono dourado, jogando raios e a dando ordens à criação.
Os Véus da Existência Negativa, lançados sobre as trevas para penetrar nelas, estão acima de Kether, o ponto de partida, simbolizado pelo número Um, a Unidade, pelo ponto no círculo, ou seja, não começa pelo Absoluto onde não há nada palpável, mas por Kether a forma mais transcendental de Deus que podemos conceber. Do mesmo modo para compreendermos Kether haveremos de compreender Hochmah e quanto a este as Sephiroth inferiores na mesma sequência nas demais, ou seja, não paramos em um único ponto, mas estudamos tudo em conjunto, como uma Unidade.
Um dos símbolos utilizados para acessar os níveis do Absoluto é tomar a Árvore como início do topo de modo que se veja Kether como o Malkuth do imanifestado, da existência negativa. Ao tomar Kether como Malkuth podemos conceber o primeiro véu da existência negativa AIN, Negatividade, palavra que consiste de três letras, de cujas sombras se manifestam os primeiros três números ou Sephiroth como o primeiro Triângulo do Véu de Existência Negativa. O segundo véu é AIN SVP (AIN SOPH), o Ilimitado que contém seis letras, e de suas sombras surgem os primeiros seis números ou Sephiroth ou segundo Triângulo do Véu de Existência Negativa. E o terceiro véu é AIN SVP AUR (AIN SOPH AUR), a Luz Ilimitada, onde o conceito é composto por nove letras, de cujas sombras saem as primeiras nove Sephiroth ou o terceiro Triângulo ou números em sua ideia oculta já que se trata de existência negativa.
Há um certo paradoxo no termo Luz Negativa pois trata-se de uma maneira de dizer que embora tendo certas qualidades em comum com a luz, não é, no entanto luz tal como a entendemos, ou seja, não devemos pensar na luz como luz e/ou que a mente não tenha imagens que lhe corresponda, pensar na existência negativa como algo conhecido reduz-se a um equívoco já que são imanifestos a nós, em nosso estado atual de consciência. Assim, a mente deve aprender a trabalhar com suas limitações e focar nos símbolos e, se no momento não possamos compreendê-los, sugerem, não obstante, certas ideias às nossas mentes apesar de nossa dificuldade em conceber uma coisa que é e que também não é.
Apesar de estar fora de nosso alcance a compreensão da Existência Negativa, esta encontra-se no âmbito de nossa influência já que as Sephiroth foram formadas a partir daquela, i.e., tudo que conhecemos tem suas raízes na Existência Negativa, então resta-nos conhece-la pela experiência indireta.
Quando tratamos de AIN SOPH AUR nos referimos a Luz Ilimitada que pode também ser utilizado como símbolo. Dion Fortune fala de alguém que já penetrou mais fundo e que relatou a atividade como “som”: “No princípio era o verbo…” e também como “Pressão” o que nos remete ao sistema de criação dos universos em sua contração (buracos negros) e dilatação (Big Bem).
Quando perguntamos o que é algo? Já estamos afirmando que este algo é alguma coisa mesmo como forma de expressão. Então se questionamos o que é o Nada implicitamente estamos afirmando que “o nada é”, e lhe damos uma existência, ainda que não possamos compreender o que. De qualquer modo este nada vem a expressar, simbolicamente, algo que existe, mas de forma negativa, e daí vem o termo “véu de existência negativa”.
Por outro ponto de vista, afirma-se que do Nada, Nada (Ain) sai (seja lá o que for este Nada) mas, tratando-se dos Véus da Existência Negativa falamos de algo que existe, mesmo que negativamente, e outras Leis se aplicam, já que na existência negativa nos deparamos com a vida positiva no ilimitado abismo desta negatividade. Assim, partindo-se do princípio que do nada saia alguma coisa, esta coisa não seria parte, mas tudo já que, se alguma coisa sai dessa existência negativa, o restante também deverá sair dali; ou de que outro lugar sairia em uma existência completa e sem mais lugares para se expandir? Só resta concluir que o Nada, enquanto existência negativa (logo é alguma coisa), deveria ser a origem do Ilimitado, pois a compreensão aqui surge pelas vias do paradoxo complementar, extraindo-se a existência de uma coisa a partir da existência de seu “oposto”[1] ou mais precisamente de seu desdobramento já que não existem antagonismos nos planos da existência negativa.
Este tudo que sairia do nada deveria ou deve, portanto, ser Ilimitado daí que o segundo Véu da Existência Negativa seja O Ilimitado (AIN SOPH). Provavelmente uma massa escura de matéria (que na realidade não é Espírito nem Matéria, mas ambos ao mesmo tempo, melhor entendermos em termos de energia, vibração e frequência) e sem forma já que o Terceiro Véu da Existência Negativa se refere a Luz Ilimitada (AIN SOPH AUR), ou seja, uma espécie de polo oposto da anterior (sem sê-lo pois a dualidade só advém depois de Kether), melhor diria um desdobramento, assim como o Ilimitado ou tudo é o oposto (melhor dizendo – desdobramento) do primeiro Véu da Existência Negativa ou seja o Nada (Ain).
E como o segundo Véu da Existência Negativa (AIN SOPH), trata-se de puras trevas seu sucessor a Luz Ilimitada (AIN SOPH AUR), refere-se, segundo Macgregor Mathers, a uma Luz sem um centro de referência, ou seja, está em toda parte como uma esfera sem limites, um círculo sem um ponto central onde este centro está em toda parte e não possui um halo definido[2]. Trata-se de uma matéria sem forma, uma Luz, energia, vibração que está por toda parte pronta para adentrar aos dez Sephiroth e adquirir uma forma dando origem a criação em um ponto qualquer dos múltiplos infinitos. Cumpre lembrar aqui que o Universo é sutil, depois se condensa materialmente, passando por sucessivos períodos de cristalização progressiva.
Então em AIN SOPH temos a Substância Primordial, a matéria escura e sem forma, é o Não-Ser, Causa sem Causa, eis que veio do Nada (AIN), origem do Ser, de tudo o que existe. Fonte única donde tudo emana toda a matéria do universo é a condensação desta Substância Primordial que recebe vários nomes como Vida Una, Absoluto, Eterno, Svayambhuva, Aquilo (Tat), O Todo, Tudo-Nada, Grande Hálito, Oceano sem Praias, etc.
Esta Matéria Primordial estende-se pelo Espaço Sem Limites, trata-se de uma Matéria-Prima inesgotável que haverá de ser trabalhada pelas Consciências e, como muda de estado conforme trabalhada, conservando a energia primordial, pode-se dizer que a Matéria é imortal tanto quanto o Espírito.
Então temos que Ain (אין) (Nada, Zero absoluto, “Aquilo”, o Imanifestado, Luz Incriada ou a Ausência de Coisas) é a Luz Incriada, Luz Negra, Obscuridade Absoluta, Absoluto imanifestado, eterno pai cósmico comum, o todo incognoscível. De Ain (Trevas) advém o desdobramento AIN SOPH (אין סוף) (Sem Limites, o Ilimitado), e então virá o AIN SOPH AUR (אין סוף אוֹר) (Luz Ilimitada) e o Sagrado Sol Absoluto.
AIN (אין) é o Absoluto Imanifestado (Espaço Abstrato Absoluto – Primeiro Absoluto), Mahaparabrahman, é “Aquilo”, o que não tem nome, o Imutável numa profunda abstração Divinal, Luz que nunca foi criada por qualquer Deus ou homem, que transcende as Leis do número, medida, peso, volume, quantidade, qualidade, frente, reverso, acima, abaixo, etc., a raiz do espírito e da matéria, contudo não é uma coisa, nem outra.
AIN SOPH o Absoluto Manifesto espiritual (Segundo Absoluto) é o Grande Parabrahman, Espirito, o Absoluto Manifesto Espiritual, é Oceano do Espírito Universal de Vida.
AIN SOPH AUR o Absoluto Solar espiritual (Terceiro Absoluto), Brahman.
A classificação 1º, 2º e 3º Absolutos é meramente didática pois o absoluto é um só, faz-se aqui apenas para não se confundir os planos da existência negativa (termo paradoxal).
Do AIN SOPH (אין סוף) (Sem Limites), o Grande Parabrahman, vem a primeira emanação espiritual, o Ancião dos Dias (Kether), o Brahman, o Ser de nosso Ser, que atua mediante os seus “Dez Sephiroth” (Parabrahman da filosofia oriental de onde Saiu Brahman). AIN SOPH (אין סוף) é o Absoluto Manifesto espiritual. Como dito, expressa-por meio dos Dez Sephiroth. “No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. O Eterno Absoluto Manifesto espiritual é o Ser do Ser de todos os seres, o Absoluto, Impronunciável, o Espaço Ilimitado.
Do AIN SOPH, o Átomo Super Divino emana Kether, Hochmah e Binah, a Coroa da Vida, o resplandecente Dragão da Sabedoria. Quando chegue a Grande Noite Cósmica, o resplandecente Dragão da Sabedoria absorver-se-á dentro do AIN SOPH… então temos aí a Trindade absorvendo-se dentro da Unidade. Eis aí o Santo Quatro, o Tetragrammaton dos Cabalistas!
Do AIN SOPH AUR (אין סוף אוֹר) (Luz Ilimitada) sai os Cosmos ou Universos. E do Sagrado Sol Absoluto emana o chamado Raio de Okidanock, Onipresente, Onipenetrante, Onisciente (o Santíssimo Okidanock, é também mencionado por Blavatsky, com o nome de “O Grande Alento”). Do Grande Alento, então, surge a Trindade, o Santo Triamazikamno, a Lei do Três, o Santo Afirmar, o Santo Negar e o Santo Conciliar; Pai, Filho e Espírito Santo; Kether, Hochmah e Binah.
No Absoluto (Ain) não existe forma, nem aspecto, nem número ou peso. Quando o Universo se dissolve fica apenas a recordação na Consciência dos Deuses, entidades energéticas, etc. e, com essas recordações forma-se o Universo do Pleroma; e, se quiséssemos retirar daí alguma coisa já nada existiria, pois são só recordações.
Os Dez Sephiroth ou emanações, mais o AIN SOPH AUR e o AIN SOPH, são, na realidade, Doze Aeons ou regiões ou mundos pois a decima terceira (Ain) é considerado o abismo, a antítese do AIN SOPH.
Então resumindo novamente temos:
Ain (אין) Nada, ou a Ausência de Coisas: É o Imanifestado Absoluto, Espaço Abstrato Absoluto. Porta final por onde todo o Mestre autorrealizado deseja adentrar.
AIN SOPH (אין סוף) Sem Limites, Ilimitado: É o segundo aspecto, onde já existe determinada manifestação; aí ficam todas as criaturas quando chega o Grande Pralaya (a Noite Cósmica), Absoluto Manifesto espiritual. O imensurável espaço infinito está cheio de sistemas solares que tem seus Mahanvantaras (dias cósmicos) e seus Pralayas. Enquanto alguns estão em Pralaya outros estão em Mahanvantara. Os universos nascem e morrem no seio de Prakritivi, a grande mãe divina, a substância primordial da natureza, o Akasha puro, tudo nasce e volta para AIN SOPH que é também o grande gerador paterno. De Prakritivi surge três coisas: 1) O espaço infinito; 2) A natureza e 3) O homem. A mãe divina no espaço infinito; a mãe divina na natureza e a mãe divina no homem, as três marias do cristianismo. Isto implica que todos tem sua mãe divina particular, virgem, imaculada, pois “…assim como é encima o é embaixo – Hermes”. É imaculada porque a concepção se faz por intermédio do Kundalini, também chamado de Espírito Santo no cristianismo, pois é a força do Terceiro Logos que põe em atividade as forças criadoras, todos os campos magnéticos, seja no mundo humano ou no Universo e, a partir daí organiza tudo pela Lei do Sete, Heptaparaparshinoch.
AIN SOPH AUR (אין סוף אוֹר) Luz Ilimitada: O terceiro aspecto segundo a Cabala Hebraica; aí encontra-se o Primeiro Cosmo, o Protocosmo puramente espiritual, o Absoluto Solar, formado por múltiplos Sóis Espirituais, o Absoluto Solar espiritual.
Ain (אין) Nada, ou a Ausência de Coisas, o Espaço Abstrato Absoluto é a Causa Causorum de tudo o que É, Foi e será. Ele expressa-se como Movimento e Repouso Abstratos Absolutos. Ele é a causa do Espírito e da Matéria, porém não é uma coisa, nem outra.
O Espaço Profundo e Ditoso é, a incompreensível “Seidade” (Deus em si mesmo, o não criado e criador em si mesmo), a mística raiz inefável dos Sete Cosmos, a origem misteriosa de tudo isso que conhecemos como Espírito, Matéria, Universo, Sóis, Mundos, etc., é a Vida que palpita intensamente em cada átomo, a raiz do espírito e da matéria sem ser uma coisa e nem outra, que transcende as Leis do número, medida, peso, volume, quantidade, qualidade, frente, reverso, acima, abaixo, etc., é o imanifestado, Luz incriada.
É o Não Ser (porque está fora de nossos conceitos) de onde sai o Real Ser. O Absoluto não é um Deus nem tampouco um indivíduo Divino ou humano.
De outro lado Brahmam, Monada, Kether é o grande oceano do Espírito, portanto é Espírito, a primeira modificação ou diferenciação do Absoluto (AIN) que não é espírito e nem matéria, mas Luz incriada.
O Absoluto (AIN) é a vida livre em seu movimento, e a suprema realidade, o espaço abstrato expressando-se como movimento abstrato absoluto, felicidade sem limites, omnisciência total. O Absoluto (Espaço Abstrato Incondicionado) é Luz Incriada e plenitude perfeita, vida livre no seu movimento, vida descondicionada e sem limites, está além do Karma, da Lei e dos Deuses, do espírito e da matéria. Ali não existe nem a mente e nem a consciência individual, mas o Ser incondicionado, omnisciência absoluta, livre e absolutamente feliz.
Para entrar no absoluto é preciso acabar com a vida pessoal, somente com a impessoalidade, a morte dos agregados psicológicos é que se entra neste departamento após passar pela Região de Atala uma espécie de purgatório na primeira emanação do Absoluto.
Então, recordando, são três os véus da Existência Negativa, 1) Ain (אין) Nada, ou a Ausência de Coisas; 2) AIN SOPH (אין סוף) Sem Limites, Ilimitado e 3) AIN SOPH AUR (אין סוף אוֹר) Luz Ilimitada.
Estes Três Aspectos estão por detrás de Kether, Hochmah e Binah dos quais emanam Atman-Hesed, Budhi-Geburah e Manas-Tiphereth.
Do AIN SOPH (אין סוף) Sem Limites, Ilimitado emana o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Então, acima destes Três Logos estão o Tao, o Grande Parabrahman o Espírito Universal de Vida; e ainda mais além, está o Absoluto (Ain). Esses Três Logos emanam desse Oceano Universal de Vida. Uma onda que brota pode ser “Ishvara”[3], um “Purusha”[4] que instrui, e logo que instruiu, volta a fundir-se no Espírito do Oceano. Do mesmo modo, o Absoluto em si mesmo tem Três aspectos, possui sua trindade: o “Ain”, o “AIN SOPH” e o “AIN SOPH AUR”. Falar do Ain (אין) Nada, ou a Ausência de Coisas, torna-se difícil porque é o Absoluto Imanifestado.
[1] Não se trata bem de um oposto, está mais para uma figura de linguagem apenas para facilitar a compreensão.
[2] Voltaremos a este ponto no capítulo específico sobre AIN SOPH AUR).
[3] Alma suprema.
[4] Consciência e o princípio universal
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A CABALA DE HAKASH BA HAKASH
Filosofia Metafísica Quântica Cabalística – TOMO I
ÀRVORE DA VIDA – OTZ CHIIM
ELEMENTOS, PLANETAS, SIGNO, TARO
Autor: Inácio Vacchiano