.DAATH E O ABISMO


1.1    Disposições gerais

Em todas as religiões encontramos a trilogia Pai, Mãe, Filho (forças criadoras primordiais); na religião egípcia Osiris, Isis e Horus; na bramânica Nara (Pai-Céu), Nâri (Mãe-Terra) e Virâj (Filho ou Universo) ou Shiva, Shakiti e Bindu, na Caldaica como Anu, Nuah e Bel; filosoficamente Enxofre, Mercúrio e Sal; Brahma, Vishnu e Shiva entre os Brahmânicos, filosofia vedanta Parabrahmâ, Brahman e Mulaprakriti; Kether, Hochmah e Binah, além de outras mais. Ocorre que no Cristianismo a mãe desaparece para dar lugar ao Espírito Santo embora se conserve o culto a Mãe de Deus (observa Jorge Adoum) em comparação a Isis do Egito, Kali ou Shakiti (que se refere ao aspecto feminino do poder de Shiva) na Índia.

A filosofia vedanta afirma que Parabrahmâ (Kether) e Mulaprakriti (Binah) são em essência uma só coisa e dão origem à Purusha (homem cósmico, a consciência e o princípio universal) e Prakriti (natureza) que, por sua vez dão origem à Consciência e à Matéria.

Daath produz-se pela conjunção esotérica de Shiva-Shakti; Osíris-Ísis[1] e que estão perpetuamente unidos em Jesod, o Fundamento, a nona Sephiroth, a nona esfera, o sexo, mas estão camuflados pelos mistérios de Daath, ou seja, o mistério Tântrico do Sahaja Maithuna e que proporciona a subida das energias pela coluna espinhal. Cumpre informar que o Espírito Santo, o esposo da Divina Mãe é masculino, contudo, este desdobra-se em sua esposa a Divina Mãe Kundalini ou Shakti que é feminina. Ele é masculino, porém ao desdobrar-se nela forma o primeiro casal divino[2].

Na base da coluna central onde está localizada Daath encontra-se apedra cúbica de Yesod e onde Shiva e Shakti, Osíris e Ísis se unem sexualmente, onde se localiza os órgãos sexuais e é ali onde está o conhecimento tântrico, sem o qual não é possível chegar à autorrealização íntima do Ser.

Convém realizar a noite os trabalhos com o Espírito Santo, com a energia criadora do Terceiro Logos pois o Sahaja Maithuna deve ser praticado nas trevas da noite porque durante o dia o Sol é o oposto à geração eis que toda semente é plantada em terra, na escuridão, seja a vegetal (embaixo da terra) ou mesmo o animal, no interior do útero. Basta observar que os órgãos reprodutores ficam sempre em partes escondidas. Das trevas sai a Luz, quanto mais na hora em que o galo canta anunciando o dia, o nascimento do Cristo-Sol. Daí porque quando pedimos Luz nos enviam trevas, a fim de que dali a Luz seja gerada.

Virgem da Imaculada ConcepçãoA Virgem da Imaculada Concepção (Aima, a Mãe fértil brilhante), relacionada a Binah (veja o Ás de Espadas-Binah que está ligada ao engendro), está vestida com uma roupa branca e uma túnica azul, que representa o espaço noturno, a noite e tem a Lua (Yesod) aos seus pés. Indicação de que o Maithuna deve-se realizar nas trevas sendo recomendado praticar uma vez diária pois enquanto o Um é positivo o dois é negativo. Deste modo evitamos praticar violência contra a natureza. No mais os dois (o casal) precisam estar dispostos e saudáveis ao ato sexual devendo evitar os períodos menstruais até sete dias depois da menstruação e também evitar praticar com mulher grávida até 40 dias depois do parto.

1.1    Sobre o abismo

adan cadmoSeparando o Mundo das Emanações e o Mundo de Briah, ou seja, entre as Três Supremas e o par seguinte de Sephiroth em equilíbrio na Árvore (Hesed e Geburah), acha-se um grande precipício, que os cabalistas chamam de Abismo. Então segue-se as seis Sephiroth chamadas de Microprosopos, o Rosto Menor, Adão Cadmo, Zauir Anpin, o Rei. Malkuth, o plano físico em Assiah, é chamada de a Rainha, esposa do Rei. Em resumo temos o Pai-Kether, o Rei-Microprosopos e a Esposa-Malkuth.

O Abismo é um precipício que se localiza entre o Macroprosopos (Arik Anpin – aramaico : אריך אנפין que significa “rosto comprido, maior / semblante estendido) e o Microprosopos (Zauir Anpin –Veu do templo paroketh e abismo aramaico : זְעֵיר אַנפִּין, que significa “rosto menor / rosto pequeno), que assinala uma demarcação na natureza do ser, imanifesto e manifesto, o potencial e o real, o tipo de manifestação que prevalece sobre os dois níveis.  Esta separação ocorre exatamente em Daath, a Sephirah Invisível, também chamada de Sephirah do Devir e também Conhecimento. A primeira manifestação real inicia-se em Hesed, situada abaixo de Hochmah e daí se equilibra por Geburah.

Geburah e Hesed correspondem ao Poder e a Glória, respectivamente para efeitos de invocação final do Pai Nosso (conforme se tem utilizado, pois a experiência espiritual de Geburah é a visão do poder) ao passo que o Reino se refere a Malkuth:

Mateus 6:13 “… porque são Teu o Reino, o Poder e a Gloria para sempre.”

Nestes parâmetros o sinal da cruz faz-se inicialmente com os dedos no entrecenho enquanto se pronuncia “A Ti (Kether)”, depois na região sacra, abaixo do sexo “O reino (Malkuth)”; no ombro direito: “O Poder (Geburah)” e no ombro esquerdo: “A Glória (Gedulah ou Hesed)”, então pode-se juntar as mãos (no pilar do equilíbrio) e pronunciar Amém, que corresponde a Kether ou Assim seja. Faça enquanto imagina uma cruz sendo formada de luz.

Pode-se ainda utilizar-se do ritual cabalístico: Toque na testa (morada do Pai) e diga ATEH (tu és), posteriormente na região sacra nominada e diga MALKUTH (o Reino); toque o ombro direito e diga: VE-GEBURAH (o Poder); toque o ombro esquerdo e diga VE-GEDULAH (e a Glória). Junte as mãos no pilar do meio e diga LEO-OLAM (para sempre) e AMEM.

1.2    Discorrendo sobre os elementos de Daath

Daath é vista como a Sephiroth invisível e misteriosa, que nunca é assinalada na Árvore e, cabalisticamente, refere-se a posição da nuca no corpo humano, o ponto em que a espinha encontra o crânio, o ponto no qual o desenvolvimento do cérebro, representa geralmente a consciência de outra dimensão, ou a consciência, outro nível ou plano.

Entre o primeiro triângulo chamado de Triângulo Logoico composto por Kether, Hochmah e Binah e o segundo chamado de Triângulo Ético composto por Hesed, Geburah e Tiphereth existe o que é considerado um Abismo (que separa o Triângulo Logoico do Triângulo Ético), que cruza bem no meio de Daath (veja o esquema da Árvore) ao qual a consciência humana normal não consegue cruzar, pois e onde estão as raízes da existência, ocultas aos nossos olhos.

caminho da flecha daath abismoEntão concluímos que Daath está situada no ponto em que o Abismo corta o Pilar Medial, e mais, que no Pilar Medial se localiza o Caminho da Flecha (Malkuth, Yesod, Tiphereth, Kether), o caminho que a consciência trilha quando aquele que medita, sente e se eleva para os planos, envia suas energias para o alto, e onde também está o Kundalini. Em Daath reside o segredo tanto da geração quanto da regeneração, a diferenciação em pares de opostos à sua união com um terceiro elemento.

O Pilar Medial eleva-se através de Daath, esta Sephirah Invisível está ligada ao Conhecimento. Eis que no topo desse Pilar está Kether, a Coroa, a Raiz de Todo Ser. A consciência, portanto, alcança a essência espiritual de Kether por meio da compreensão de Daath, o Sahaja Maithuna, que a faz cruzar o Abismo, levando-a, posteriormente, para a consciência transladada de Tiphereth, para onde é conduzida por intermédio do sacrifício de Cristo, a crucificação representada pelo Cteis penetrando o útero e, assim, rasga o véu Paroketh de modo que a iluminação do alto desça para a consciência psíquica de Yesod, a Esfera da Lua e, finalmente, para a consciência cerebral e sensorial de Malkuth, como uma missão redentora, pois nada pode evoluir e desenvolver-se se antes não evoluiu a não se desenvolveu, é preciso descer para poder subir.

 

[1] As vezes Osíris é interpretado como Pai e outras vezes como Filho por algum autor e do mesmo modo há interpretações de Hórus como Pai e como Filho o que pode causar confusões no entendimento. Aqui adotamos que Osíris é o Pai; Isis a Mãe e Hórus o Filho.

[2] Nesta interpretação a Divina Mãe é o desdobramento do Espirito Santo o que difere da interpretação da polarização Hochmah Binah. Não significa que esteja equivocada, mas apenas a observação da Árvore por outro ponto de vista. Tudo dependerá da funcionalidade utilizada.

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A CABALA DE HAKASH BA HAKASH

Filosofia Metafísica Quântica Cabalística – TOMO I

ÀRVORE DA VIDA – OTZ CHIIM

ELEMENTOS, PLANETAS, SIGNO, TARO

 

Autor: Inácio Vacchiano