Toda proposta que viola a regra da moderação (de Aristóteles) em nada edifica quem aspira deixar um nome respeitado e glorioso.
A presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro enviou para a Assembleia Legislativa um projeto para conceder auxílio-educação para os filhos de juízes e servidores do Tribunal. Para os magistrados, o auxílio mensal seria de até R$7.250,00 e para os servidores de até R$3.000,00. Segundo Adriana Cruz (O Dia), a proposta ainda prevê R$ 20 mil por ano aos juízes para investirem em estudo. Os servidores receberiam mais R$ 500. O auxílio-educação postulado pode chegar a R$9 mil, se passarem os novos vencimentos dos ministros do Supremo (para R$ 35 mil). A Associação dos Juízes ainda quer mais R$ 1.100 como auxílio-transporte.
Antes das eleições, todas essas propostas (nitidamente indecorosas) não serão votadas (porque os deputados estaduais estão em campanha). “A Justiça parece que não entendeu o recado das ruas, no ano passado, com as manifestações que caracterizaram falta de representatividade. Nenhum professor do estado ganha o que os magistrados querem de auxílio-educação”, criticou o deputado estadual Marcelo Freixo, do Psol. No ano passado, os deputados já aprovaram o auxílio-moradia para magistrados e membros do Ministério Público sem questionamentos. Atualmente, os valores giram em torno de R$ 5 mil, segundo desembargadores ouvidos pelo jornal O Dia.
É uma incongruência manifesta os tribunais afirmarem que não há verbas para contratar novos juízes ou para melhorar o serviço público da Justiça (reconhecidamente moroso) e, ao mesmo tempo, pedirem mais benefícios mensais que driblam o teto salarial dos desembargadores. A proposta auxílio-educação é indecorosa em todos os seus aspectos, mas existe no seu seio outra aberração inominável, que faria corar qualquer aristocrata racista: o valor distinto para magistrados e servidores significa o quê? Que o filho do magistrado tem que estudar em um lugar melhor do que o do servidor, fazendo preponderar a histórica desigualdade de classes? No tempo do Brasil colonial e imperial o sonho de todo fidalgo era colocar o filho na “folha do Estado”. Esse sonho cultural não acabou; a diferença é que agora já se pretende que o filho vá para a “folha do Estado” desde o jardim da infância.
Depois de alguns anos de vida e de muitos estudos, nada mais natural que os humanos conquistarem incontáveis e díspares ideias e visões do mundo (Weltanschauung). Para transformá-las em algo valioso e útil na vida terrena, antes de tudo, devemos combiná-las e submetê-las à moral e às virtudes. A primeira categoria a se dissipar, diante desse acurado exame é a da vulgaridade (todo esforço do mundo para contê-la será pouco diante dos nefastos efeitos que ela produz ao longo das nossas transitórias existências). Sobretudo quando governamos interesses coletivos, não há como deixar de cultivar a moral e as virtudes, não somente porque dos dirigentes sempre se espera exemplaridade, senão também porque são elas que conferem ao espírito o senso do justo em sua mais profunda extensão e ao caráter a devida elevação assim como a necessária firmeza.
Todos os humanos que assumem o destino das coisas públicas, incluindo os juízes, evidentemente (sobremaneira quando assumem cargos administrativos de governança), deveriam ser obrigados a se submeterem a um curso intensivo, se não de geometria (como postulava o espírito exigente de Platão), ao menos de moderação, tal como pugnava Aristóteles, para afiar a personalidade do administrador e distanciá-lo dos vícios mais deploráveis que podem rondar o exercício do poder, nutrindo sua alma e seu espírito de um conteúdo substancialmente sólido (apesar da sociedade líquida que vivemos, como diz Bauman), de forma a evitar-lhe ao menos os deslizes mais canhestros ou as tentações mais extravagantes, tal como sugeria Stuart Mill).
Por força do princípio da moderação de Aristóteles, para cada virtude existem ao menos dois vícios. Se queremos promover o bem, se queremos ser exemplares para nossos filhos e concidadãos (“Age de tal forma que a máxima do teu querer possa valer em todo o tempo também como princípio de uma legislação geral” – Kant), o primeiro que temos que fazer consiste sempre em evitar o cálice dos excessos, dos vícios e das extravagâncias. A lição aristotélica nos ensina que a coragem desdenha a covardia e a temeridade; a justiça se afasta tanto da fraqueza como do rigor; a temperança é inimiga da devassidão bem como da austeridade; a religião ergue-se entre a impiedade e a superstição; a liberdade se ancora entre a escravidão e a licença e assim vai.
Cai em desgraça infernal (tal como a narrada por Dante) quem, fazendo uso da liberdade, sucumbe à vulgaridade e se concede a soberba licença para promover o escatológico, o estrambólico, o desregrado, o nauseabundo, o asqueroso, o repelente, o repugnante, o bestial, o inconveniente, o abjeto, o sórdido, o torpe, o nefando, o execrável, o obnóxio, o vil, o desprezível, o ignóbil ou o esquálido. Não faltam no mundo, no entanto, pretextos e motivos para se negar a aplicação das doutrinas mais nobres e elevadas, de quantas o humano civilizado já produziu. Mas todas as propostas frívolas e levianas devem ser refutadas de plano, ou seja, devem ser abandonadas à sua própria nulidade, mesmo correndo o risco de o desprezo ser interpretado como uma hostilidade pessoal. Toda proposta que viola a regra da moderação (de Aristóteles) em nada edifica quem aspira deixar um nome respeitado e glorioso. Tendo em vista o que já ganham os juízes a razoabilidade, assim como a imperiosidade da moderação aristotélica, somos pelo NÃO ao citado auxílio-educação.
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Os juízes, etc. têm seus proventos acima da média, muito mais consideráveis do que mereciam. Aumento de suas remunerações, vantagens, auxílios são apenas formas de encorajar a péssima atuação desses concursados que vêm decidindo a vida, o destino do cidadão de forma irresponsável, sem nenhuma garantia quanto ao discernimento em respeito aos direitos visíveis dos cidadãos.
Estão decidindo com uma canetada e causando prejuízo à sociedade. Se esquecem que ser juiz não é apenas ser capaz de captar os recursos da sociedade em seu proveito e de sua família, mas estudar os casos minuciosamente, ter discernimento, intenção inerente a quem tem o dever de esmiuçar os interesses pleiteados, sem leviandade e sem pressa como muitos fazem em querer se ver livre dos processos. Não se trata aqui de excesso de demanda, o que é um Direito legítimo de quem se sentir lesado, mas da falta de interesse dos próprios juízes em resolvê-los; por quem tem o dever à percepção e à sagacidade para dar a quem de direito o que realmente lhe pertence. Se a atividade do juíz está deixando a desejar, independentemente dessas benéfices, imagine com tais. Não serão essas benéfices que irão encorajá-los; pelos contrário, somente irão intensificar a sensação de soberania existente em uma conduta equivocada, pois todos nós somos Juízes. Quando um concursado se der conta, se predispor a se debruçar, encontrar o resultado à pretensão mais do que requerida, a sua função, o cargo que eles tanto prezam para satifazer a sua auto estima será considerado com valores muito distantes comparados a uma remuneração pecuniária, mas conscientemente ter agido com lisura. Se é que muitos atuam como juízes seguindo a verdadeira vocação. Deve-se acabar com mordomias, com a aposentadoria caso cometam faltas, com a vitaliciedade…. bem como com cargos por indicação a desembargadores e ministros. Deveria-se para ocupar tais cargos não da mais alta importância, mas da mais absoluta RESPONSABILIDADE que o interessado tenha determinado número de processos ganhos. A indicação não é e nunca será garantia de Justiça.
Olhem o que a máfia da OAB faz contra os bacharéis, e ninguém faz nada, nenhum dos poderes se mobilizam. Os Magistrados só cuidam do lado deles, o resto é o resto. É como se o mundo girasse só entorno deles.